sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Por Que As Folhas Caem


A cada outono, certas plantas e árvores preparam-se
para um repouso necessário e vital à sua vida e
continuação.

Algumas espécies de árvores matizam-se de várias cores,
num maravilhoso contraste entre a melancolia e a
beleza extrema. Depois, uma a uma, as folhas caem,
como lágrimas, até que as árvores, nuas e tristes, abram
os braços ao inverno e esperem, pacientemente,
a primavera, que restaurará cada folha caída.

Por que para nós seria diferente? Por que não perder
antes de reencontrar, por que não as lágrimas,
por que não dias áridos, frios e secos? E por que não a
esperança de que a primavera volte? Porque, creiam,
ela volta sempre!

Talvez nos julguemos bons demais para receber o sofrimento,
como se ele fosse sempre símbolo de castigo e não algo
necessário ao nosso crescimento.

As folhas caem e as árvores parecem assim tão desprotegidas,
tão solitárias!... e eu me pergunto o que faz com que
sobrevivam.

Elas entendem que esse período é necessário à sua renovação.
Elas aceitam, doam-se e esperam e recebem de volta,
no tempo oportuno.

Assim somos nós com todas as perdas que sofremos,
com as lágrimas que escorrem e salgam nossa boca,
com o tempo que parece interminável ou as noites
longas demais.

Tanto que não entendemos e não aceitamos o sofrimento,
ele se prolongará. Tanto que não vemos isso como uma fase,
apenas uma fase, a ferida estará aberta e sangrará.

Não aceitar o outono e negar o inverno não faz com que
não existam. Apenas nos deixam fora de uma realidade
que chega pra todo mundo.

Não somos maus demais para recebê-los como um castigo
e nem bons demais para que possamos não acolhê-los.

As árvores perdem as folhas e perdemos os nossos.
Elas choram e choramos também. Elas esperam e nada
há que nos impeça de esperar.

E elas recebem, a seu tempo determinado, novos galhos
e novas folhas, novas flores e novos frutos.
Sentem-se assim completas.

Somos assim o que somos e o mesmo Deus que sustenta
as árvores, nos sustenta a nós!

E Ele nos poda, nos molda, nos deixa nús e aparentemente
sem defesa, mas está sempre presente e estará ainda
quando a primavera voltar, quando seremos, depois do
inverno frio, renovados e prontos para recomeçar.

(texto: Letícia Thompson)

Saudades!!!!!

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