IVAN EUGENIO DA CUNHA
Lá fora a chuva cai de lado a lado
Além da transparência da janela
E penso que é um espelho que revela
A mim o que é de mim não revelado.
Vasculho em suas gotas meu passado,
Nas dores eu caminho dentro dela
E penso que é um espelho que revela
O pranto que já tenho derramado.
"Oh! Chuva, que murmuras brandamente?
Qual mistério se encerra em tua mente?"
Eu pergunto às mil lágrimas primais.
Mas nada ela me diz, nada me fala...
Como é vão... Como é vão interrogá-la!...
A chuva é só a chuva e nada mais.